quinta-feira, 5 de maio de 2011

Crônica de uma plebeia


Ela acorda todos os dias às 5 horas da manhã.

Toma banho com os olhos ainda fechados.

Depois do café, pega um ônibus e metrô lotados.

No metrô, a empurram.

Pisam no seu pé.

Ninguém pede pra segurar seus livros.

Entra no vagão por força da multidão, não porque decidiu entrar.

Não tem onde segurar.

Se ela não ocupar as regiões das portas ela não desce na estação desejada.

Se ocupa, é amassada como se fosse um ser invisível.

A barriga ou perna ou braço de alguém encosta no celular que está na sua bolsa e sem querer liga para outro alguém da sua lista de contatos às 6 horas e 30 da manhã.

Chega na faculdade descabelada, amassada, suada.

Mesmo num frio de 12 graus.

Assiste a quase 4 horas de aula.

"Abram a apostila" - diz a professora.


"Agora façam um resumo do que vocês entenderam" - pede a professora.

Em 4 horas realizam essa atividade.

Volta para casa ao meio-dia.

Com fome, com sono.

Pega o mesmo metrô e ônibus.

Mais vazio, confessa.

Chega e come o bom e velho feijão com arroz da sua mãe, assistindo ao jornal que reporta todas as desgraças do país.

Sobe para o quarto e começa:

Lê apostilas, faz resumos, responde e-mails, escreve textos dissertativos, faz análises literárias...

Em seguida começa a trabalhar:

Prepara aulas, corrije provas e exercícios, pesquisa jogos didáticos no google...

Sai correndo para dar aula.

Cada dia num lugar diferente.

É professora particular de inglês.

Pega novamente um ônibus e metrô para algum lugar da cidade.

Na casa dos seus alunos está sempre feliz, disposta, pronta para falar e responder à todas as perguntas.

São 21 horas.

Ainda não jantou.

Volta para casa.

Dessa vez de carona.

Chega e finalmente janta.

Precisa dormir para acordar cedo.

No dia seguinte quer assistir ao casamento de príncipe William e Kate Middleton.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tão real que chega a doer! Mto bom!

Larissa

Roberta disse...

Sem palavras.. Texto espetacular..