quinta-feira, 5 de março de 2009

Sobre Pombas e Livros. O Começo

Estou esperando. Leva um tempo para achar o ponto de partida. O início do meu livro. Eu achava que tinha idéias, entusiasmo e motivação. Aí as idéias deixaram de ser grandes o bastante para causar qualquer tipo de interesse num suposto leitor. O entusiasmo cedeu às investidas do cansaço. A motivação ficou em silêncio por ter me esquecido e renegado minha identidade. Agora está claro que tudo faz parte de uma preparação e que o melhor a fazer é deixar o pensamento fluir. Não preciso me fixar em nada. Deixei que viesse e veio mesmo.

Ganhei de presente de aniversário um livro chamado "A Vida é Bela", de Dominique Glocheux. Não sei se o livro serviu de inspiração para o filme de mesmo nome. Deveria ter me informado mais. Eu sei, e isso está na contracapa, que o escritor francês depois de ficar 4 meses em coma, consequência de um acidente grave, mudou sua forma de ver o mundo e escreveu esse livro composto por 512 mensagens de incentivo pela vida. Uma ponte à descoberta do prazer nas coisas simples. O título original do livro é "La Vie en Rose". Se colorirmos nossa paisagem de rosa ira fazer a diferença. Vai fazer, futuro, porque ainda dá tempo. Não é papo furado de escritor de auto-ajuda. É fato.

Mensagem 356: Dê comida aos passarinhos. Ouça-os cantar. Acompanhe seu vôo pelo céu. Quando leio isso não me aguento de vontade de parar numa praça e dar comida aos pássaros. É uma cena perfeita.
Por falar nisso, lembrei que a um ano atrás fui almoçar com a minha mãe no MC Donald's. Estava um dia ensolarado e escolhi sentar do lado de fora. Ainda estávamos de luto pela morte da Tuca. Um luto abafado, disfarçado, que ninguém sabe, mas a gente sente. Justamente ali, veio uma pomba branca se aproximar dos nossos pés. Nos entreolhamos. Seria melhor espantar a pomba? Não. Conversei com ela, a convidei para uma prosa. Minha mãe notou que tinha uma linha amarrada na patinha direita e isso a impedia de voar. A compaixão pela pomba branca nos fez dividir nosso lanche com ela, conversar. E como é bom conversar com os animais. Minutos mais tarde havia um pombal ao nosso redor. Todas queriam seu lugar ao sol, porque alguém deixou de ser mais um naquele cotidiano programado de entra e sai da lanchonete e percebeu que, no asfalto pode surgir uma beleza. Porque ali eu quis enxergar meu mundo rosa e me fiz mais humana. Entre eu e a pomba não há distinção que se revele. Eu entendi sua necessidade de ser vista. Ela entendeu que o que mais me faltava era a sua presença.
O que o meu livro, La Vie en Rose e as pombas tem a ver? Encontrei o que faltava. O ponto de partida.

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