sexta-feira, 20 de março de 2009

Não tinha pensado nisso

Lendo o último artigo escrito para a revista Veja pelo economista Claudio de Moura Castro, Civilizações não são contagiosas, fiquei pensando na razão do Brasil ser um país tão heterôgeneo. Aliás, sempre questionei essa realidade, mas ainda não tinha tido uma explicação como a que Castro me deu com sua reflexão.
Sabemos que os europeus dominaram o mundo ao longo dos séculos. Países como Inglaterra, França, Alemanha e Holanda colonizaram e exploraram terras distantes, criando um novo ciclo europeu por cada canto de terra que passavam. Portugal, por exemplo, criou em Moçambique e Angola suas colônias de exploração. Os espanhois preferiram as Américas. A Inglaterra e França foram para a África; a Holanda para a Indonésia.
Além desse movimento demográfico, existiu também o modelo de povoamento. Diferente das colônias de exploração, que não conseguiram instituir uma economia desenvolvida como a da Europa, os novos conquistadores mostraram-se preparados para o domínio. Os colonos europeus migraram com toda a família e suas instituições, criando um tecido sociocultural do seu país de origem. Assim, os ingleses fundaram a Austrália, o Canadá, os Estados Unidos, a Nova Zelândia.
Desde então, essas novas sociedades conseguiram tanto sucesso quanto os países avançados da Europa. Por que o idioma mais falado no mundo é o inglês? Aí está o retrato. O desenvolvido gerando o desenvolvimento.
Isso tudo para explicar como acontece a transferência de culturas e civilizações de um continente para o outro. O que a "matriz" desses países possuía de bom, foi reproduzido na nova sociedade. Mas esse resultado só é possível por haver uma predominância dos seus cidadãos. A maioria impõe seus valores e a minoria adapta-se e adota os mesmos costumes. Minoria não impõe valores, expectativas e comportamentos. Como propõe Claudio de Moura Castro em seu artigo, civilizações não são contagiosas.
E como fica o Brasil nessa salada sociocultural? Tivemos a sorte de sermos colonizados por um dos países mais pobres da Europa.
Inglaterra, França e Alemanha não se interessaram por macacos. Talvez se a quinhentos e tantos anos atrás existisse o Pelé ou o Ronaldo... Os portugueses chegaram, misturaram-se com os índios, os africanos... Um tempo depois, dom João aportou em terras tupiniquins acompanhado por toda a sua elite portuguesa. Na verdade, uma sociedade européia inteira foi transplantada para o Brasil. Resultado: miscigenação sem igual em outras terras. Migrantes de mais de cinquenta nacionalidades integraram-se. Hoje, caminha lado a lado o avanço e o atraso; o sucesso e o pecado; o fracasso e a realização; a ambiguidade; o jeitinho brasileiro; o lugar brasileiro onde todo mundo entra e se ajeita. Se vai dar certo? Bom... sempre vai ter lugar pra mais um.

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